Poetry
Collection of thoughts, poems and song lyrics I have been writting since I was 13 years old. Texts in Portuguese, English and French. It is a full collection – the very best and the very worse can be found here… it is a diary of a being around many worlds and times.. :-) I suggest that instead of reading it in cronology order ( some of them are quite cheesy, believe me), you should perhaps read all the titles at the index first and then pick one you find interesting.Good luck ! Otherwise few ones it might be worth reading:
Transparência (18 years old- In Salvador, Brazil)
Flor de Genebra (24 years old – 1st award – Geneva’s literary competition)
Aula de educação artística (25 years old in Sophia, Bulgary)
Sinal de vida (26 years old, in Auckland, New Zealand)
Takapuna In English (29-34 years old in Auckland, New Zealand/Perh, Australia)
Juliana Areias – Diário de um ser
Index
PART 1 – In Brazil
1) Index / Índice
2) Muito nada interessante ( 13 years old)
3) Acabou (14 years old)
4) Registro (14 years old)
5) Liberdade (14 years old)
6) Espelho (14 years old)
7) A fronteira (14 years old)
8) Serpente latina (14 years old)
9) Aos homens (15 years old)
10) Latente (15 years old)
11) 16 anos (16 years old)
12) Valores (16 years old)
13) Pirataria (16 years old)
14) Negafirmação (16 years old)
15) Temporal (16 yeras old)
16) Tradição da lua (17 years old)
17) Perplexidade (17 years old)
18) Vagas (17 years old)
19) Arte (17 years old)
20) Missão (17 years old)
21) Miração (17 years old)
22) Desomenagem homenagiosa a Brasília (17/18 years old)
23) Calendoscópio (18 years old)
24) Soucit (18 years old)
25) Engrenagens (18 years old)
26) Transparência (18 years old)
27) Máscara (19 years old)
28) Desmatamento (19 years old)
29) Ciclo (20 years old)
30) Nao Liberdade(21 years old)
31) Sonho Brasil (21 years old)
32) Tradução (21 years old)
33) Convite da lua (21 years old)
34) Idéia formada X Forma idealizada (21 years old)
35) Mãos (21 years old)
36) Ao recomeço (21 years old)
37) Espírito mineiro (21 years old)
38) Em Copacabana (21 years old)
39) Conspiração borboleta (21 years old)
40) Brincando de paixão (21 years old)
41) Conspiração borboleta 2 (21 years old)
PART 2 – In Europe and first trip back to Brazil
42) Em trânsito (21/22 years old)
43) Sino e silêncio (21 years old)
44) A cor de rosa (22 years old)
45) Umbigo (22 years old)
46) Um saco (22 years old)
47) Duplo sentido (22 years old)
48) Como vai (22 years old)
49) Carnaval é (22 years old)
50) Encantos de Yemanjá (22 years old)
51) Estações (22 years old)
52) Talvez (22 years old)
53) É bom ser brasileiro (22 years old)
54) Amor sozinho (23 years old)
55) Mistérios do amor (23 years old)
56) Vem mais (23 years old)
57) Guia (23 years old)
58) O meio (23 years old)
59) Ficar com você (23 years old)
60) Direção (23 years old)
61) É noite la fora (23 years old)
62) Um novo dia (23 years old)
63) Filhote (24 years old)
64) Última canção de um amor (24 years old)
65) Flor de Genebra (24 years old) – 1st award – Geneva’s literary competition
66) Som e paladar (25 years old)
67) Aula de educação artística (25 years old in Bulgary)
68) Manuel da Mata (25 years old – back in Brazil for the 1st time)
69) Estrela (25 years old)
70) Idéias inacabadas (25 years old)
PART 3 – In New Zealand and Australia
71) Desamparo (25 years old)
72) Sinal de vida (26 years old)
73) Areias da Mata ( 26 years old)
74) Rose (26 years old)
75) Telefone (26 years old)
76) Dia a dia (26 years old)
77) Curumim (26 years old)
78) Herança (Samba de gringo) (27 years old)
79) Inoscência (27 years old)
80) Mundo cão (27 years old)
81) Lighthouse Bay (27 years old)
82) Manha (27 years old)
83) Today tomorrow (27 years old)
84) Âmago (28 years old)
85) Prós e contras (28 years old)
86) Meu lugar (28 years old)
87) Sem engano (28 years old)
88) Talvez noutra (29 years old)
89) Maré cheia ( 29 years old)
90) 1.10am (30 years old)
91) Takapuna (29-34 years old)
92) A fish out of water ( 32 years old)
93)Insight (34 years old)
94) Oportunidade (34 years old)
Muito nada interessante
(São Paulo-SP, Brasil, 24/12/1988 – 13 anos)
Louca é quem me chama
E já que eu me chamo: sou louca
Mas vocês também me chamam…
Não me interessa se vos interessa quem eu sou
Pois também não me interessa quem vós sois
O que interessa é a gente
A gente não: eu
Talvez eu seja pouco para vós
Mas sou eu para mim
O que também não me interessa e me interessa
Texto de louco…
Texto de louco de uma louca
Pois eu sou louca
E quem nao é?
Nesta terra de loucos, nada mais lógico que a loucura
Mas a lógica não devia ser algo da loucura
Ou será que toda loucura tem lógica?
Se for, então não é tão louco assim
Se a “tão loucura assim” não existir, somos todos normais loucos
A loucura é saudável então?
Sim, porque se a loucura é lógica, não é loucura
Mas a lógica foi inventada pelos homens
E estes são todos normais-loucos
Assim sendo, quem veio primeiro: a lógica ou a loucura?
A loucura tem lógica
E a lógica tem loucura
Porque foi feita por loucos…
Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?
Eu não quero saber, eu não sou louca!
E louca é quem me chama…
Para minha amada mãe Eidineise Vasconcellos.
Acabou
(São Paulo-SP, Brasil, 23/7/1989 – 14 anos)
Acabei com o que nunca começou
Chorei por quem nunca chorou por mim
Senti saudades do que eu nunca tive
Senti ciúmes do que eu não tinha direito
Senti a perda do que nunca me pertenceu
Matei aquele que ainda está vivo
Tentei ver o que não existia
Tentei mostrar e não fui bem intendida
Procurei reencontrar o que nunca tinha achado
Me levaram o que nunca me trouxeram
Sonhei, sonhei sonhei muito
Sonhei alto, sonhei lindo
E acordei… E acabou.
Registro
(Sao Paulo-SP, Brasil, 15/8/1989 – 14 anos)
Um pensamento
Um jogo
Um sentimento
O gosto
Cabelos, boinas
Seu broche
Um casaco azul
Um segredo na manga
Pochete amiga
A bossa nova
Um violão
Um beijo
Uma emoção
Perfume único
Um instante
Loucura e medo
O antigo novo
A malícia ingênua
Uma miragem
A utopia
Diz a lembrança
Fala a saudade
Liberdade
(São Paulo-SP, Brasil, 26/8/1989 – 14 anos)
Se o mundo é redondo, rolarei por ele todo
Se a vida é passageira, não quero perder um só segundo
Se ser feliz for pecado, nunca serei perfeita
Se amar é um risco, terei toda a coragem
Se a amizade for rara, um diamante eu serei
Se a sinceridade for passado, estarei perdida no tempo
Se o medo for humano, o medo eu sentirei
Serei criminosa, se crime o deleite for
Aprenderei, sofrerei, temerei, amarei, viverei
E quando a morte chegar, será em tempo certo.
Espelho
(São Paulo-SP, Brasil, 8/10/1989 – 14 anos)
Um dia a vida me disse
Hoje a vida me diz
A vida ainda dirá
Eu agora posso falar
Tudo tem tempo certo
Nada acontece ao acaso
Tudo tem tempo certo
E assim não dá nada errado
O tudo parece nada
O nada também é tudo
Não atropele o processo
Não fique em cima do muro
A liberdade é uma fuga
Fuga que tem muita luta
Independência ela busca
Felicidade pede a fuga
Vida, tão vivida, e ainda
Há tanto a nos esperar – da vida – é um risco
Com a certeza de que um dia vai acabar
Pra retornar…
Pra reencontrar…
O bem tem seu lado mal
O mal não é tão mal assim
A conquista tem suas perdas
Não tem preço a experiência
A família é uma mine sociedade
A sociedade é uma grande família
O diferente incomoda o esquema
O louco é a pessoa mais lúcida
Ilha deserta pro homem
O homem deserta ilha
Sonha, que é lindo!
Menino, projetos de um homem
Vá…
Faça…
A Fronteira
( São Paulo-SP, Brasil, 22/11/1989 – 14 anos)
Vejo um filme em minha frente
Nele, sou a atriz principal
Assisto a tudo passivamente
Mesmo já sabendo o final
O que tem depois dessa janela
Só o sol pode ver
Aqui dentro mora a escuridão
O máximo que pode acontecer é a morte
Se isto é bom?
Nao sei… não lembro
Ser feliz é tão pequeno
Que a gente não consegue encontrar
Serpente Latina
(São Paulo-SP, Brasil, 7/1/1990 – 14 anos)
Eu não sei seu nome
Só sei que me falaram para ter cuidado contigo
Eu não sei sei nome
Me disseram que não mereces uma olhada,
muito menos um sorriso
O que importa o nome,
se você me transmite algo de menino?
Mas talvez seu nome,
combine com a fragância da rosa e seu romantismo
Um nome é apenas um nome
Sambista, toca pandeiro e tem traços bem latinos
Se me contassem o seu nome…
Parece carioca malandro, o meu neguinho!
Preciso saber seu nome
Descarado, canalhinha, que está aqui e lá faz denguinho
Seu nome foge!
E eu fujo de ti, pois é proibido
Não posso, não devo
Mas quero e desejo
E desse fogoso beijo
Só o jogo nós podemos
Atrai o seu nome
Seu jeito, seu encanto e desencanto
Seu sucesso, seu impulso, seu mistério infinito
Deve ser aquele nome
Ai, meu sambista, meu neguinho
Pandeirista, meu menino,
Carioca, meu malandro, meu latino
E eu nem sei o seu nome…
Qual é o seu nome?
Aos homens
(São Paulo-SP, Brasil, 14/9/1990 – 15 anos)
Hoje aqui, com meu violão
Penso em alguém que eu desconheço
De tão longe, ou de tão perto…
Eu não sei
De quem é esta canção
Sempre assim, deixando fluir
Chega alguém que vejo diferente
E o desejo se acende
Pode ser que seja dessa vez
Mil amores se vem e vão
Uns enganos, desilusão
Uns encantos, a paixão eu senti
Sempre tenho a recordacão
Das pessoas que conheci
Muito do que agora eu sou vem deles
São encontros tão desencontrados
Ja não sei o certo ou errado
E se um homem pode ser um príncipe encantado
Mas pra que ficar idealizando?!
Se ele existe, um dia aparece
De tão longe ou de tão perto…
Saberei de quem é essa canção
Latente
(São Paulo-SP, Brasil, 19 de janeiro de 1991 – 15 anos)

“O IMACO vai fechar!”
A faca corta
“Não brinque com a faca porque corta!”
O IMACO vai fechar
Quando sei, não entendo
Quando entendo, sinto
Quando sinto, sei
Quando sei, não sinto
Quando sinto, entendo
Quando entendo, sei
O sangue jorrou, a criança entendeu: a faca corta
Não entendo o que é fechar
Entendi depois que fechou
Fechou – fiquei órfã – entendi
Sempre órfã de um pedaço de mim
E doi… E arde…
Fundo… e fininho…
Tão fininho e constante,
Que parece que não existe…
Parece paz
Parece o silêncio
Que o som infinito faz
Que parece que não existe…
Toma a parte da parte ausente
Inteira eu fico
* IMACO – Instituto de Ensino Imaculada Conceição – é a escola que estudei dos 6 aos 14 anos.
16 anos
(São Paulo-SP, Brasil, 7/2/1991 – 16 anos)
Você não vai ligar, eu sei
E eu vou procurar entender
Porque você não ligou
Vou arranjar uma desculpa
Para te desculpar
Constato-me ansiosa
Sofro por antecipação
Ansiosa por sofrer
Espero e me preocupo
Porque no fundo,
Esperanca tenho
De que você ligue
Você não vai ligar, não sei
* nota da autora: Ligou!
Valores
(São Paulo-SP, Brasil, 19/4/1991 – 16 anos)
Toco baixinho
Que é pra ninguém ouvir
O que eu toco
Não interessa
Se sentir dor
Eu toco só pra mim
Ninguém presta atenção
As vezes, tiram o violão
Não falo porque
Não tenho nada a dizer
Escrevo
Porque não falo
Se triste estou,
Escrevo só pra mim
Ninguém lê o que escrevo
Vezes, não me deixam falar
Não sou mais
Importante que a novela
Nem depois
Que a novela se acaba
O telefone
nunca toca quando espero
E se a chuva está gelada
Ora, isto não muda nada
Pirataria
(São Paulo-SP, Brasil, 28/6/1991 – 16 anos)
Valores, respeito, sedução
Mulher, prazer, paixão
Arrependimento, perigo, satisfação
Aventura, instinto, traição
Carinho, amizade, punição
Dúvida, certeza, sim-não
Negafirmação
(São Paulo-SP, Brasil, 4/9/1991 – 16 anos)
Por trás de toda
Negação
Existe uma
Afirmação
Ao mesmo
TEMPO
Em que
Se nega, se afirma
A existência
Pois o que não existe
É impossível de ser pensado
Se a imaginação é infinita
O nada não existe
Mas acaba de nascer,
Em algum
LUGAR
Temporal
(São Paulo-SP, Brasil, 19/11/1991 – 16 anos)
Dê tempo ao tempo
Que o tempo sabe
É tempo de
Há quanto tempo
Vou dar um tempo
De tempo em tempo
A tempestade
Esta saudade
Voltar o tempo
Parar o tempo
Parar no tempo
O tempo certo
Magia do tempo
Naquele tempo
Tempos de tempo
Tempos modernos
Não temos tempo
O contra-tempo
Com ou sem tempo
Tempo é dinheiro
O tempo feio
Questão de tempo
Eu quero vento
Um cata-vento
Em movimento
Por quanto tempo?
Mudar o tempo
Segundo tempo
Final do tempo
Tempo fechado
Tempo correndo
Se houvesse tempo…
E um lamento…
Futuro tempo
Record de tempo
Marcar o tempo
Tempo por tempo
Fora do tempo
Perda de tempo
Tempo esquecido
Tempo sedento
O passa-tempo
Um novo tempo
Chegar a tempo
Tempo bonito
Um infinito
Coisas do mundo
É lento, é lento
Todo momento
É tempo, é tempo
Tradição da lua
(São Paulo-SP, Brasil, 13/4/1992 – 17 anos)
A minha outra metade
Que de mim faz parte
Eu quero inteira, não a metade
A minha outra metade
Metade tão inteira,
plena e singular
Metade outra que
outra metade igual, não há
Sem minha outra metade
Fico inteira-inacabada
Sou inteira sem pedaço
Sou metade e nada
Metade, parte, face
Face de nossa vida
Fase ininterrupta
Da existência infinda
Aos “meus” 16 anos
Aos “seus” 23 anos
Aos nossos milhões de anos
Eu brindo com vinho
O vinho sagrado
Da noite sagrada
Do sangue sagrado
Dos corpos unidos
Da alma reencontrada
Do momento exato
Do ritual mágico
Das metades em inteiro
O todo, o tudo e o sempre
Único e verdadeiro
Perplexidade
(São Paulo-SP, Brasil, 13/5/1992 – 17 anos)
Prenúncio de manhã
Em companhia da chuva, choro diante da janela.
Acaricia-me o ventre a felina inoscente,
Mais macia que o veludo que aquece-me o corpo
Os pingos da chuva gelada
confundem-se com as lágrimas
sobre a velada face.
Cativos na mente os pensamentos pertubam minha alma.
Ao impacto do inusitado, meu coração afligi-se
Em oscilações de medo e certeza.
Dilatam-se os desejos.
A ausência, sem mais dia certo de findar, revela-se,
Mais profunda, ante o expandir desvairado da saudade.
Sofrimentos, tremores, suores, delírios.
Meu grito calado invade a noite confusa,
Ressoa à terra, aos 4 mundos,
Disperta os deuses e os vagabundos:
Venha manhã! Como última salvação!
Clareia a manhã, clareando a paz
Revolução efêmera dentro de mim
A tempestade desnorteante molha a terra, fecunda a força.
Cativos na mente os pensamentos plenificam todo o meu ser.
Vagas
(São Paulo-SP, Brasil, 6/6/1992 – 17 anos)
Onda que vem e vai
Viaja, cresce, descobre e regressa
Ao mesmo porto
Á mesma praia
Ao mesmo cais
Ou aparece em forma de chuva
Pode ser que não volte mais
Mas quem uma vez na vida
Já viu o mar
Sabe que valeu
Não esqueceu
E sente a maresia que o vento traz
Arte
(Ainda em Sampa para Salvador-BA, Brasil, 25/7/1992 – 17 anos)
Te amo
Num amor completo – de “Teresa” e “Sabina”
Num amor diferente, de existências futuras
Num amor fecundo, de terra molhada
Num amor sem limites, de gaivota no ar
Num amor abstrato, de música e sons
Num amor sabedor, de silêncio e palavra
Num amor virginal, de donzela inoscente
Num amor animal, de tigresa no cio
Num amor verdadeiro, de criança nascendo
Num amor desejoso, de não se explicar
Te amo
* Teresa e Sabina: personagens do livro “ A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera.
Missão
(Jauá -BA, Brasil, julho de 1992, 17 anos. Parceria com Carlinhos Franco)
Você vai entender muito bem
Porque o amor nessa vida faz bem
Você vai precisar de alguém
Que lhe faça olhar para o além
Alguém que lhe faça dispertar
Todo amor que você tem pra dar
Amor tão puro, singular
Sempre tem alguém a esperar
Enxerga lá, pois então, o que é que há?!
Vê se não vai deixar passar o amor…
Você sabe, mas não descobriu
A razão porque ela sorriu
Você sabe, mas não diz com brio
Fala, fala, mas nunca sentiu.
Preste mais atenção, rapaz!
Ninguém vive sozinho não!
Você tem que achar sua paz.
Vá, impeça aquele avião!
Da amizade, nasce o carinho
Basta não ter temor.
Depende só de nós achar o amor.
Miração
(Brasília-DF, Brasil, 14/9/1992 – 17 anos)
Minha alma é blue e eu sofro
Vácuo de azul, pleno de tristeza
Miro dentro de mim e vejo
O azul mais azul que existe
Um desvio para o azul
Nada amarelo, tudo frio, elevado, inundante
Nada vermelho: tudo infinito, profundo, distante
Nada negro: tudo fobioso, sublimado, ampliante
Minha alma é blue e eu sofro
Desejo-aflição, magnetismo-repulsão
Miro dentro de mim e vejo
A tristeza mais triste que existe
E nascem as lágrimas
Dos meus olhos castanhos de olhar azul
Emana, resplandesce, exala, resvala e esvai
Toda a melancolia
A mulher de rubro passeia no meio da Avenida Paulista
O vento toca seu cabelo e sua alma se prazenteia
As costas nuas , o colo livre
Ela se sente diferente de rubro
A mulher de azul não quer passear
Veda o vento e não “videia”
Não quer ser nem estar
Não queria morrer
Se enfasteia , mas se sente bela de azul
* videar: reference a vídeo, frase de “Laranja Mecânica”: “ Só pra videar o que é que pinta no horizonte”.
Desomenagem homenagiosa a Brasília
(Entre Brasília-DF e Salvador-BA, Brasil – de 7/10 a 13/2/1993 – 17/18 anos)
Momento de beleza
Encontro das águas
Carícia dos ventos
Cálida cascata
Esqueci a melodia
Ia ser uma bela música
Durmo tarde, acordo cedo
Árvores retorcidas
Minha mente é um cerrado
Explosão de luz sem som:
E o céu acendeu em bronze
Uma luz branca sumiu
Ninguém viu, só eu
Eu vi um anjo na figura
Ninguém viu, só eu
A antena todos vêem
Olhos arregalados me fazem chorar
Este mundo idiota
Sou alguém que parece ser,
Alguma coisa que provavelmente não é
Mas posso ser o que você não está pensando
Isto não fui eu que pensei
E isto não pertence à esta cidade
Muita coisa não pertence…
Eu odeio Brasília
Eu me odeio em Brasília
Toxas e gritos primitivos
Em frente ao monumento futurista;
Impeachment!
No zoológico, os animais observam os homens
Estou “ Bras-ilhada”
Brasília: Porção de ministérios,
Cercada de horizontes por todos os lados.
No meu pai fiz um carinho
E apareceu um caminho além do horizonte
Lua formosa da Lagoa Formosa
A lua não é da lagoa
A lua é uma só, ao mesmo tempo em qualquer lugar
Mas até que a lagoa pareceu um palco perfeito para a lua
Vontade de compartilhar
Um ano perdido de aula
Um ano perdido da vida desse país
Mas nem tudo foi perdido
E nem tudo será recuperado
Nem tudo é tão plano quanto parece
No entanto é amplo
E as rodas podem voar
Há vento: há vontade de cantar
Há água: há vontade de integrar
Há terra umida: há vontade de respirar
Há fogo:
Foge de mim a paulistana
Não há eleições para prefeito
Há duelo de aquarianas
Que se transforma em dueto.
Jogo de batalha naval
Saio pelas ruas como quem busca um tesouro
E ele, de inusitado, aparece
Em forma de capoeira na calçada,
Tempestade sem guarda chuva,
Música e climas no vídeo.
Alegoria dos meus lugares
E eu sugo essas sensações:
Transporto-me
Transcedo-me
Extasio-me
Cidade das corujas
com capacidades camaleônicas
Surpreende-me
Desafia-me
Brinca comigo
E me deixa feliz
Agora vou-me
Deixando mais saudades do que levando
Tenho perspectivas
Ultrapasso seus horizontes
Para ir ao encontro do meu
Deixo, meio que levando,
As suas luzes, lagoas, amizades e admiração
Levo, meio que deixando,
Os meus sorrisos, silêncios, surpresas, artes e admiração
Quando se parte com a sensação de missão cumprida,
É bonito partir.
Calendoscópio
(Salvador-BA, Brasil, 27/3/1993 – 18 anos)
A cada movimento seu existe um quadro
Formas de Deus, de anjo, de homem.
Desejo entrar no seu corpo
E descobrir novas cores
Então suas luzes e sombras me penetram
Deixando que eu me transforme numa tela
Soucit*
(Salvador-BA, Brasil, 28/3/1993 – 18 anos)
O que pode despertar o co-sentimento
Se nem a morte resolve?
Que meus olhos chorem
Que meus lábios falem
Que a mão escreva
O que sobe a cabeça
Que a mão escreva
O que invade os sentidos
Que a mão escreva
Mas se não discreve,
Mas se não atinge
Canetas e punhais são inúteis.
* Soucit significa “Compaixão = co-sentimento em Tcheco. Página 25 do livro “ A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera
Engrenagens
(Salvador-BA, Brasil, 1/5/1993 – 18 anos)
E ai está a diferença do mundo para o desmundo:
No desmundo, eu me desnudo
E me desmudo, ficando mudo
E assim, contudo
Meio oriundo de um vagalume ou vagabundo
Eu me oriento, mergulho fundo
E no compasso, e no segundo
Eu, moribundo, tocando bumbo
Eu só desbundo
Eu te confundo
No des – com – sempre
Deste desmundo
Transparência
(Salvador-BA, Brasil, 9/5/1993 – 18 anos)
Olhar fundo nos olhos do mar
Mirar fundo nos olhos do mar
E cantar com voz de onda
E assim se ouvir cantar
Sentir a brisa transpassar o corpo
Que deixando de ser corpo, virou mar
Máscara
(Salvador-BA, Brasil, junho de 1994 – 19 anos)
Aquilo que mais desejo
É dito em silêncio
É soprado pelos ventos
Que levantam meu cabelo
E desnudam meu olhar
Cara marcada
Gestos viciados
Lugares-comuns
Máscara da máscara
Improviso indiferença
Falsifico emoções
Vislumbro meus sonhos
Como quem vê fotografia:
Um certo ar de saudade
Desmatamento
(Salvador-BA, Brasil, 23/12/1994 – 19 anos)
Sem coragem para cortar meus pelos pubianos
Eles cresceram muito, tranformaram-se em cipós
E ainda que velhos, guardam tamanha força e beleza,
Capazes de desmentir o que se costuma dizer sobre os espíritos
É verdade que alguns caíram, voltando à terra e germinando sonhos,
Buscando vencer o nada existente em tudo aquilo que sorri
Por isso inventaram o depilador elétrico.
Ciclo
(Salvador-BA, Brasil, 4/3/1995 – 20 anos)
Desse amor
Dou semente
Cuido pra que cresça
Colho os frutos
E dele me alimento
Nao Liberdade
(Salvador-BA, Brasil, 29/2/1996 – 21 anos)
Eu só queria caminhar, noite de lua, na beira do mar
Sair por aí, sem pressa de chegar
Dar um tempo pra mim, me presentear
Cabelo ao vento, precisando pensar
Viver meu momento, sentir o lugar
Eu só queria caminhar, noite de lua, na beira do mar
Mais uma bossa seria, de amor, de sorriso, de mar
Mas o que a gente não vive é a poesia
E ameaçaram meu cantar,
sem precisar…
Sem precisar ser
Sem precisar ser assim
Não precisava ser assim
E é triste não poder caminhar, noite de lua, na beira do mar
Eu só queria poder caminhar, noite de lua, na beira do mar.
* para o pivete que me assaltou na orla da Pituba, ás 19horas. Consequências das consequências, eu sei…
Sonho Brasil
(Salvador-BA, Brasil, abril de 1996 – 21 anos)
Eu, que não sou Chico, nem Francisco
Não sou Tom, nem Antônio
Apenas brasileira
Querendo partir
Pra Buarque de Holanda
Ou qualquer outro lugar
Dizer adeus Copacabana, pricesinha do mar
Onde meu barco naufragou, exausto de lutar,
de tanto remar e nunca chegou
Se navegar é preciso, viver também
Num lugar de fala estranha,
Fora do meu país,
Deserto de mim
Minha língua é meu cantar!
Onde, por ironia, no fim
Longe do Brasil, mais perto de vivê -lo
E pensando ter perdido o meu mar anil
É que vou reconhecê -lo
Nos olhos de outros brasileiros
Que nas ruas do mundo eu cruzar
Brasileiros como eu
Que não são Chico, nem Francisco
Não são Tom, nem Antônio
Mas abriram mão do Brasil
Pra não abrir mão dos seus sonhos
Sonho Brasil
Tradução
(Salvador-BA, Brasil, 12/6/1996 – 21 anos)
Aquilo que mais desejo
É dito em silêncio
É sobrado pelos ventos
Que levantam meu cabelo
E desnudam meu olhar
E me traduz
Ainda que eu faça segredo
E de seus olhos tenha medo
Vezes evito, outras me tento
E teço o fio sedento
Que leva ao teu olhar
E te seduz
O que passo a passo semeio
É manha, é claro, é cheio
Tem a força de um rebento
Que transborda um sentrimento
Impossível de calar
E nos conduz
Convite da lua
(Salvador-BA, Brasil, 18/6/1996 – 21 anos)
Se tanto faz, nem sabe mais
Questão de querer
Bem menhor deixar pra trás
O que se foi volta jamais
Nunca mais, bye bye
É como a chuva que agora cai
Vai molhando todo sentimento
Que pertuba a cabeça
Esqueça, desapareça, ah!
Qual é a sua?
Pagando mico enquanto a lua
Convida a uma noite sem igual
Vê, não faz sentido, vem dançar comigo
É como a música que está no ar
Condensando todo sentimento
Que alegra a cabeça
Mereça, me conheça
Idéia Formada X Forma Idealizada
(Belo Horizonte-MG, Brasil, 19/7/1996 – 21 anos)
As vezes aprecio a forma
As vezes muita forma deforma a idéia
Que exige reforma
Que não se conforma
De estar presa à forma
Conforme às normas
Da poesia plástica e estética
As vezes aprecio a idéia
As vezes muita idéia, forma uma geléia
Que bombardeia a cabeça
Entope as artérias
Feito nuvem de abelhas numa colméia
E a idéia fica aérea, etérea
Que a forma seja bela
Que a idéia seja simples
Que a forma seja idéia
Que a idéia seja forma
No limite do equilíbrio
A plenitude se transforma
Mãos
(Belo Horizonte-MG, Brasil, 28/7/1996 – 21 anos)
Mãos ao alto, isso é um assanto
Não vá esperar que eu peça a sua mão
Sou mão leve e te pego num salto
Sem mão de obra, na palma da mão
Em primeira mão esse é meu estilo
Antes que a sorte me escape por entre os dedos
Antes que mudem as linhas do meu destino
Segura minha mão e vem sem medo
Em mão unica, de mãos dadas, pelo caminho
Aperto de mão, negócio fechado:
Sempre palmas pro seu sorriso
Nunca palmada, ou descaso
Só mãos de fada, carinho
E andando assim, na contra mão da vida
Que nem sempre passa a mão na cabeça
Uma mão lava a outra, te dou uma maozinha
Sou sua mão na roda, sua companheira
Minha mão toca a sua
Como quem toca um violino
Magia, paixão, encanto , beleza
Ao recomeço
(Belo Horizonte-MG, Brasil, 30/7/1996 – 21 anos)
Quanto mais amadureço
Menos certezas vou tendo
A respeito da vida
Sobre mim mesmo
Vão mudando meus conceitos
Faço coisas que me surpreendo
Miro o espelho: não me reconheço
Me enganam meus sentimentos?
Desse mar de duvidas, sairei ileso?
Certamente que não
Voltemos ao recomeço
Improviso, arremesso
Espetáculo sem ensaio
Vivendo e aprendendo
A esperar o inesperado
Correndo contra o tempo
Remando a favor do vento
Atraindo meus desejos
Me enganam meus sentimentos?
Desse mar de duvidas, sairei ileso?
Certamente que não
Voltemos ao recomeço
* Para meu paizão José Wilson Areias Mendes
Espírito mineiro
(Belo Horizonte-BA, Brasil, 31/7/1996 – 21 anos)
Saiu pra ver o mar
Saiu pra saber quantas voltas o mundo dá
Saiu sem precisar chamar
Saiu
Já foi
Saiu querendo não se explicar
Saiu cheio de lágrimas no olhar
Saiu sem bem ter onde chegar
Saiu
Já foi
Saiu, precisava viajar
Saiu, buscando se encontrar
Saiu, talvez não vá voltar
Saiu
Já foi
Saiu com vontade de voar
Saiu com coragem de amar
Saiu, tinha um sonho pra buscar
Saiu
Já foi
* Para meu avô Ascelino Teixeira Mendes
Em Copacabana
(Copacabana, Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 13/8/1996 – 21 anos)
Moreno dourado de Copacabana
Derrama
Um olhar selvagem sobre mim
Me acanha
Volei de praia, cabelo molhado
Me assanha
Moldura, areia, mar de cetim
Me banha
Fruto maduro, beleza, netuno
Me ganha
Na tarde de sol, eu te digo sim
Me ama
Na noite estrelada de Copacabana
Que amanha, bem cedo, já é tarde:
Preciso partir
Conspiração borboleta
(Salvador-BA, Brasil, 7/9/1996 – 21 anos)
Ah! Meu amor
Ai, quanta urgência
Eu, lagarta no casulo
Me metamorfoseando
Pra depois borboletar
Brincando de paixão
(Salvador-BA, Brasil, 12/10/1996 – 21 anos)
Pensando bem
Pra que pensar
Se eu já fui
Olhos se perdem em você
Dizer te amo?
Mentira, que eu bem sei o que é o amor
Não te amo, portanto
Mas poderia
Voce é muito do que eu quis
E eu não sabia
Nem saberemos
Se houvesse tempo pra descobrir
Se houvesse espaço
Outros momentos
Pura utopia
Como é que começa
Paixão não avisa
Paixão se irradia
E como veio, termina
Conspiração borboleta 2
(Salvador-BA, Brasil, 27/9/1996 – 21 anos)
Ah! Meu amor
Ai, quanta urgência
Eu, lagarta no casulo
Me metamorfoseando
Pra depois borboletar
Quem foi que fez o bem te vi beija florar?
Quem é que nada guarda em si pra revelar?
Vou outonar os meus receios sombreados de razão
E ver brotar, em fevereiro, o perfume da canção
Canção que lua em noite cheia, quer trovejar meu coração
A nossa ânsia é verdadeira, é ventania, conspiração
Vulção vislumbre de beleza que prenuncia erupção
Camaleando incertezas, encarna vida na canção
O que será se uma pedra nos pensar?
O que achar se um girassol me adivinhar?
Ah! Meu amor
Ai, quanta urgência
Eu, lagarta no casulo
Me metamorfoseando
Pra depois borboletar
Em trânsito
(Entre Salvador-BA, Brasil e Genebra, Suíça, de 12/11/1996 a 17/3/1997 – 21/22 anos)
Muita coisa se perdeu no jardim das ilusões
Quando o trânsito businava, o tempo emudeceu
Quem cala, não consente, apenas mente pro seu querer
O que é que o tempo queria dizer?
Ninguém ouviu e ele seguiu em frente, não tinha tempo a perder
O repente é o momento
Na mente ficou seu silêncio
Que me fez entender tudo
As não palavras que explicam o mundo
Têm silêncios que dizem mais
Quem tem medo, não pula o muro
Fica no escuro
Fica, não vai
Anda menina!
O tempo quer te levar!
Vai !
Quem trilha com o tempo, não fica, vai
Ouve! Não pára, mas escuta!
Têm silêncios que dizem mais
Sino e silêncio
(Genebra, Suíça, 1/2/1997 – 21 anos)
No silêncio
O som dos sinos
Que marcam as horas
Rebuscam memórias
Ecoam a história
Muda o padre e o fiel
A crença, a oração
O ouvido que escuta
O sino não
Passa gente, carruagem
Bonde, trem, avião
O braço que funde
O sino não
Cala o fogo, o correio
“natel”, computação
a vida que inventa
o sino não
No compasso do tempo
De todos os tempos
A mesma canção
No silêncio
A cor de rosa
(Genebra, Suíça, 15/2/1997 – 22 anos)
Estou triste
Mas tenho a rosa:
Minha certeza de vitória
Afaga meu sofrer
E se penso em desistir,
Lembro da rosa
De caule cortado
E ainda vistosa, vaidosa,
Despreocupada de seu fim
Não me deixa cair, desvirtuosa
Me ensina a sorrir,
Você que não chora,
A exibir minhas cores
Mesmo quando a escuridão me devora
Mesmo quando a sorte desconsola
Mesmo quando a força for embora
Você que é tão senhora
Senhora de si é mesmo a rosa
Nao me deixa cair, me revigora
Mesmo quando o nada me apavora
Ora por mim, minha senhora,
Me mostra o mundo cor de rosa
Umbigo
(Genebra, Suíça, 12/3/1997 – 22 anos)
Fica triste não,
Eu sou passarinho
De canto e violão
Mas sei do meu ninho
Abre um sorriso
Me deixa tranquilo
Eu tenho juízo
Você já me deu
Abre um sorriso
Estou sempre contigo
Voa comigo nas asas do desejo meu
A minha verdade
Eu trago no umbigo
A garra, a vontade
Me leva a crescer
A felicidade me tem como amigo
Aguenta a saudade me ajuda a vencer
Fica triste não
Eu sou como o vento não caibo na mão
Só no pensamento
Deixa esse pranto
A dor, o lamento
Pede ao santo
Fica com Deus
Deixa esse pranto
Te vejo a tempo
Eu te amo tanto
Não existe adeus
* Para Vó Gilzinha (Dona Gilza Maria Linhares dos Santos Silva).
Um saco
(Genebra, Suíça, 15/3/1997 – 22 anos)
Nem só de asfalto bom vive o homem.
Concluiu o monsieur antes de se jogar da ponte
E cair como um saco de cimento
Era um saco de cimento pensante
Era um saco de alma
Um saco cheio de alma vazia também não pode ficar de pé
Uma alma cheia num saco vazio ainda se alimenta de fé
E eis que Deus faz a sua parte:
Enche a alma ou enche o saco
E cada um que preencha o outro lado
Desse lado daqui tem muito saco cheio e falta alegria
Do outro lado de lá, a alma vive cheia, mas a barriga agoniza
Duplo sentido
(Genebra, Suíça, 21/3/1997 – 22 anos)
Amamentar minha idéia de viver você
Te dar meu peito, em duplo sentido
Sermos um duo, tri famintos de amor
Abocanhar sua boca cor de maça
Morder a fruta, em duplo sentido
Sabor romã, romance, instinto, satisfação
Atravessar o mar do seu prazer
Banhar seu corpo, em duplo sentido
Antes afã, agora abrigo
Meu paraíso é você
Em duplo sentido, te querer
Em todos os sentidos ti viver
O paraíso é você
Como vai
(Genebra, Suíça, julho de 1997 – 22 anos. Parceria com Carlinhos Franco)
Se tanto faz
Nem sabe mais
Questão de querer
Bem melhor deixar pra trás
O que se foi volta jamais
Nunca mais
Bye bye
É como a chuva que agora cai
Vai molhando todo sentimento
Que pertuba a cabeça
Perca a defesa!
Quanto tempo sem te ver
E agora: “ Como vai?”
E eu querendo amar você
Nossos corpos ideais
Se a gente vai
Nem cabe mais
De tanto querer
O melhor não se desfaz
E o depois promete mais
Sempre mais audaz
É como a noite que agora sai
Vai brindando todo sentimento
Que está além da cabeça
Deixa que aconteça
Tanto tempo sem te ver
E agora: “ Como vai?”
Tô querendo amar você
Nossos sonhos tão iguais
Nossos corpos ideais
Nossos sonhos tão iguais
Carnaval é
(Genebra, Suíça, 6/5/1997 – 22 anos. Parceria com Rúbens Diniz)
Vem, a gente agita, sobe a maré
A correnteza é afoxé
É a cadência que vai com fé
Vem, a gente canta, oxum maré
Toda beleza tem cor de axé
Todo batuque de candomblé
Dança, dança, dança, fulião
Canta a voz do coração
A onda desse verão
Tem que chegar
Brilha, brilha, brilha de emoção
O tambor na mutidão
Bate forte coração
Quer festejar
Vem, a gente cria, swing é
Toda baiana de acarajé
Rebola a cesta até a Sé
Vem, a gente dança, reggae no pé
Onda balança, carnaval é
Só alegria a Bahia quer
Encantos de Iemanjá
(Genebra, Suíça, 8/5/1997 – 22 anos. Parceria com Rúbens Diniz)
Encontro você no Jardim de Alá
Pra gente curtir o mar de Jauá
De noite sair pra te namorar
Estrelas no céu de Monte Serrá
Brisa vem pra te beijar, conchas do mar
Ouve o canto, a onda embala teu olhar
Azul manto
Encantos de Iemanjá
Espero você, quero te encontrar
No sol da manhã, nos braços do mar
La em Itapuã, sabor de luar
No Abaeté, dunas de areia
Estações
(Genebra, Suíça, 24/7/1997 – 22 anos)
Do jeito que estava, nada mais ficou
Nem os claros dias de verão
Nem as longas noites de inverno
Nem os pólens e cores das meia-estações
Nada
Porque quando te conheci
Tudo era branco e sem vida
Mas me iluminavas e eu florescia
Agora, todavia, o sol brilha desvairado
Sinto queimar a pele, mas não te sinto
Eu sinto frio, sinto vazio
E o que é que eu faço com essa vontade de te ver,
Essa saudade de você, essa ansiedade?
Ainda ontem ventava, como se fosse você
Seu toque de brisa, sua fala macia
Sua pessoa madura e eu tão insegura
Afim de te dizer bobagens lindas, deliciosas, puras
Mas se você me repreender, me mandar crescer e aparecer?
Digo nada, então.
Penso.
Digo, não.
Ainda ontem ventava, de certo que era você
Beijou-me as costas e foi-se embora
Fiquei assim, sem entender
Talvez
(Genebra, Suíça, 22/9/1997 – 22 anos)
Olha só pra mim
Olha só pra você
Vê bem o que eu fiz
Com tudo que a gente fez
E nem por isso fui feliz
E já não sei se posso ser
Posso tentar,
se você me perdoar, me receber
Te feri tanto
Te desgastei, te magoei, sem perceber
Que no seu pranto corria o meu:
Nos machuguei
E só fui entender agora
Que você foi embora
E eu não sei o que fazer
Não podias mesmo ficar
Se eu te pus pra fora
Expulsando seu amor, me expus junto também
Só na hora da ausência a gente chora
E vê as bobagens que fez
Palavras, minhas palavras,
Tão desacreditadas, eu sei
Mas então, só mais desta vez
Olha só pra mim
Olha só pra você
E diz que apesar de tudo
Ainda existe um talvez
É bom ser brasileiro
(Paris, França, 18/12/1997 – 22 anos)
De onde você veio?
Vim do Brasil
É bom ser brasileira !
É bom ser brasileiro !
Essa magia, esse swing, esse calor, esse tempero
Quem é que tem? De onde é que veio?
É bom ser brasileira !
É bom ser brasileiro !
Nossa energia, nossa esperança, nossa mistura, nosso pandeiro
Quem é que tem? De onde é que veio?
É bom ser brasileira !
É bom ser brasileiro !
Nossa alegria, nossa coragem, o nosso time, sol o ano inteiro
Quem é que tem? De onde é que veio?
É bom ser brasileira !
É bom ser brasileiro !
Bençao Bahia, ao Amazonas, ao Pantanal, Rio de Janeiro
Quem é que tem? De onde é que veio?
É bom ser brasileira !
É bom ser brasileiro !
E a gente ouve, do mundo inteiro, ou no Brasil, ou no extrangeiro
De onde você veio? Vim do Brasil
É bom ser brasileira !
É bom ser brasileiro !
Depois responde, cheio de orgulho e um sorriso aventureiro:
De onde é que eu vim? Vim do Brasil
É bom ser brasileira !
É bom ser brasileiro !
Amor sozinho
(Genebra, Suíça, 8/3 a 11/4/1998 – 23 anos)
E alguma coisa se perdeu no seu olhar
Aonde eu posso te buscar?
Sei não… sei lá…
E se foi o amor que se perdeu?
E se eu te toco sem resposta?
E se o calor da tua voz não sinto mais
E se eu perco o sono
E o coração sem dono
Abandono?
E se foi loucura
E se não passou de sonho
E se tinha tudo a favor, menos o tempo
Então do que vale o sentimento?
Foi nosso passado ou presente essa falta de futuro?
É porque sou muito jovem?
Não entendo, te juro
Ainda não posso saber
Mas estou vendo acabar
Estou vendo você se distanciar
Sem minha força pra me proteger
Porque ela está com você
Que não sabe ou não quer merecer
Disperdiça, joga ao vento
Sem perceber que estou vazia e cheia de sofrimento
Com essa sua nova e estranha indiferença e “esfriamento”
Porque me dou sem limites como quem ama pela primeira vez
Cem por cento sentimento e não me arrependo, tudo bem
Mas se não é o bastante
Aja de uma forma clara, me diz logo um basta
Se não me quer, por que não fala?
Me libera e segue seu caminho
Me liberta desse amor sozinho
Mistérios do Amor
(Genebra, Suíça, junho de 1998 – 23 anos.
Versão da música “Love Finds You” para a CSM)
Num céu azul, trilha de estrela, andei
Me perdi no seu olhar
Manhã me trouxe, caminho de areia ao sul
Teu sorriso nu
E era assim como a brisa do mar
Tocando seu cabelo
Leve e livre
Seu passo e o meu num mesmo caminhar
Só me perdendo que te encontrei
Mistérios do amor não têm fim
Canto de sereia, noite de lua cheia
O que tem seu olhar pra ser assim?
Mistérios do amor não têm fim
Meu rosto brilha sem saber, quando te vê
O peito queima sem doer, por te querer
As pernas tremem sem porquê – e é por você
Sua presença floresce todo o meu ser
Mistérios do amor não têm fim
Fim do arco íris, completo tesouro encontrei
Forma de deus, de anjo, enfim de homem
Lua me disse: viva o seu presente
Sendo fiel ao que se sente
E era assim como a brisa do mar
Tocando nossos corpos
Plenos de tanto prazer
Entrelaçando seus sonhos nos meus
Dois corações numa mesma emoção
Vem Mais
(Genebra, Suíça, junho 1998 – 23 anos.
Versão da música “Lalala dei” para a CSM)
Chega pra cá
Chega pra cá
Perto, mais perto sem olhar pra trás
Vem mais
Perto, mais perto sem pensar demais
Vem mais
E mais
Salta do trampolim, caia fundo de cabeça
Fantasmas
Ilusões
Absurdos
Confusões
Esqueça, vem dançar
Porque você está no mundo
Muita coragem, respire fundo
Agora é a hora
Você vai ter que escolher
Se quer pagar ou quer ver
Agora é a nossa vez, baby
Quantas vezes você já deixou passar?
Agora vem comigo
Por que não ser feliz?
Quem foi que te disse que viver é proibido?
Entao chega pra cá, desencana e vem mais
Guia
(Genebra, Suíça, 24/12/1998 – 23 anos)
O amor me parou na esquina
E eu estava atrasada
Ainda tinha que passar em casa
Sem tempo pra comer nada
Sem paciência pra conversa fiada
Me pediu uma informação
Sei não onde fica, pergunta pro guarda
Não posso lhe dar atenção
E eu estava estressada, preocupada
Com o atraso do salário e o meu cartão de crédito estourado
Insistiu na questão
Não conheço a direção
Eu não moro nesse bairro
Cara, olha a teve da loja, o noticiário:
Anúncio de aumento da inflação
Pensamentos guardados com cadeado
Medo de assalto, violação
O meu ônibus está chegando
Não sei onde fica não
Pergunta na banca do outro lado
Pra menina no super mercado
Desculpe já passou do meu horário
Vou pegar esse ônibus lotado
Sei lá, meu senhor, sei não
O rumo do meu coração
Procura no guia de São Paulo
O meio
(Genebra, Suíça, 14/1/1999 – 23 anos)
No meio da via
No meio da vida
O coração, o pensamento
No meu da pista
O pensamento no meio da via
O coração ao meio
E a vida no meio da pista
O coração do pensamento na pista do meio
Entre a via e a vida
O meio despista o pensamento do coração
A vida se desvia
A vida sem meio
O pensamento sem pista
E o coração sem veia, sem via, sem vida
Ficar com você
( Genebra, Suíça, 15/1/1999 – 23 anos.
Versão da música “The way you smile” para a CSM)
Gosto quando você me fala
Desse jeito, charme demais
Não canso do seu brilho no olhar
Riso no ar, forma de amar
Sinto assim, o dia que vai
E eu nem sei mais que horas são
Então, tão bom você aqui, perto de mim, demais!
Ficar com você, meu querer me faz tão bem
Me diz se o seu jeito de ser
É magia pra me encantar
Me lanço no mar do seu olhar
Riso no ar, forma de amar
Sinto assim, a noite que cai
E eu nem sei mais que horas são
Então, tão bom você aqui perto de mim, demais!
Ficar com você, meu querer, me faz tão bem, bem, faz tão bem
Que tal irmos agora ver o sol nascer, manha raiar?
Tal qual a luz do seu olhar
Riso no ar, forma de amar
Sinto assim, o tempo que vai
E eu nem sei mais que horas são
Então, tão bom você aqui, perto de mim, demais!
Ficar com você, meu querer, me faz tão bem, bem, faz tão bem
Estar com você, meu querer, me faz tão bem, bem, faz tão bem
Viver com você, meu querer, me faz tão bem, bem, faz tão bem
Tudo com você, meu querer, me faz tão bem, bem, faz tão bem
Te amo, te quero, te desejo, te espero…
Direção
(Genebra, Suíça, 25/1/1999 – 23 anos.
Versão da música “Do you – want you” para a CSM)
Atrasada sai, cama desarrumada
Pão com nada comi, televisão ligada
Trânsito tava de enlouquecer
Alguém pediu uma informação
Mal humorada , lhe disse:
Pois não, qual é a questão?
Pra onde vai seu coração? Me explica a direção
Pra onde vai sei coração?
Não sei, pergunta ao guarda aí do lado
Na fila do mercado
Bota um anúncio classificado
Então você me dá o seu nome
Diz como eu te acho
Pra começo de conversa, eu nem te conheço
É por isso mesmo que eu te peço, urgente!
Pra onde vai seu coração? Por que não me responde?
Me explica a direção
Pra onde vai seu coração? Por que não me responde?
Eu preciso a direção
Pra onde vai seu coração? Por que sempre só diz não?
Necessito a direção
Me diz então, pra onde vai seu coração?
Todo dia passa por mim
Mesma hora, no mesmo cruzamento
Me olha e nem percebe
Chegou o momento. A –ha!
Pra onde vai seu coração?
Pra onde vai seu coração? Onde?
Depois de esbarrar por mim
Se perde sem direção
Pra onde vai seu coração?
Por que não me percebe?
Por que sempre só diz não?
Pra onde vai seu coração? Pra onde vai?
Pra onde corre tanto assim?
Necessito a direção
Pra onde vai seu coração?
Por que não me responde?
É noite lá fora
(Genebra, Suíça, 30/1/1999 – 23 anos.
Versão para a música “Alternative mode” para a CSM.
Canção selecionada para o Cairo Internacional Song Festival de 1999)
Pensando bem, pra que pensar, se eu já fui
Dizer amém, nem sempre mais me convém
Se o que se quer tá mais além
Do que saber quem é de quem
E desse trem, eu já pulei também
Te cuida bem
Se o que vai ficar
Só pode determinar o tempo, não o agora
E o que deixar
É o que não tem mais lugar
Então, já era a hora
Eu precisei estar aqui do outro lado do mundo
Pra perceber, nunca sai do meu mundo
Vou abrir mão do meu escudo
Pra me ferir bem mais no fundo
E se morrer tudo o que a gente fez
Te cuida bem
Se o que vai ficar
Só pode determinar o tempo, não o agora
E o que deixar
É o que não tem mais lugar
Então, já era a hora
O frio acorda as dores
É sempre noite lá fora
Noite lá fora
Noite lá fora
E aqui dentro
E nesse filme a nossa frente
Quem agiu bem, quem agiu mal?
Independentemente do final
Te cuida, afinal
Se o que vai ficar
Só pode determinar o tempo, não o agora
E o que deixar
É o que não tem mais lugar
Entao, já era a hora
Um novo dia
(Genebra, Suíça, 6/2/1999 – 23 anos.
Versão para a música “Cally” para a CSM)
Despertar, aos poucos respirar
Orvalho nas folhas, sol na varanda
Ver ao longe o horizonte a encorajar
Cheio de alegria, um novo dia
Recriar nosso rotina
Som de pássaros na janela
Pé de fruta, mel de abelha
Preparar o corpo para mais um novo dia
Cultivar o solo, trabalhar
Mãos sobre a terra, as horas pelo ar
Semente por semente depositar
Pra vida germinar num novo dia
Esperar pela colheita
No tempo certo dela chegar
E São Pedro traz a chuva pra molhar
A terra alimentar, num novo dia
E de noite, pra que mais que a luz das estrelas
Pra olhar teus olhos, te beijar
Mais uma moda, violeiro toca
Pra encantar o coração de quem ama
E a lua fica a nos serenar
E a gente repolsa pra um novo dia
E então, noutro despertar,
Tudo colhido, recomeçar
Vendo ao longe o horizonte anunciar
Cheio de alegria, um novo dia
Filhote
(Genebra, Suíça, 9/4/1999 – 24 anos. Parceria com Écio Parreira)
O que passa na cabeça
Da menina que está no balanço,
Balançando as tranças, os pés no ar, o lá!
No que pensa o avô dela
Na janela, vendo ela brincar
E diz: Segura firme pra não machucar.
E se cair, eu vou estar aqui pra te ajudar
Nessa primeira queda
Outras vão vir, eu quero te ensinar a levantar
Se eu já não estiver lá
Como um pardal, que aprende a voar
Vai seguir depois o seu caminho, ter seu próprio ninho
Bater as asas
Mas guarda em ti o meu carinho
Se alguém desfizer teu sorriso, deixa ele passar
Voa passarinho!
E se cair, eu vou estar aqui pra te ajudar
Nessa primeira queda
Outras vão vir, eu quero te ensinar a levantar
Se eu já não estiver lá
Última canção de um amor
(Genebra, Suíça, 11/4/1999 – 24 anos. Parceria com Écio Parreira)
Paz
Porque o sol incendeia, eu peço paz
Em plena maré cheia
Entrei no mar, nadei, nadei
Para morrer na areia de um castelo
Que nem vento nem água desmanchou
Simplemente palavras, mortas no ar, eternas, vãs
Como pueira, eira, beirando a ira
Paz
Sombra de uma mangueira
pra bocejar e ninar os meus ais
E serenar a fúria crua que me queima, teima
Leva à loucura
Paz
Que até mesmo o diabo procura paz
Quando não acordado,
Sonha que volta a ser anjo de Deus
Me deixa, deixa eu te deixar, amor meu
Fim da canção, adeus, amor meu
Flor de Genebra
(Genebra, Suíça, 1/10/1999 – 24 anos.
Texto premiado em primeiro lugar na categoria português, do concurso de literatura “Grand concours d’ecriture” da “ Maison de Quartier des Acacias” de Genebra. Publicado pela mesma. Tema: Quando cheguei à Genebra)
Quando cheguei à Genebra
Tudo era branco e sem vida,
Mas ela me iluminava e eu florescia.
E já não me consolavam
Nem os claros dias de verão
Nem as longas noites de inverno,
Nem as cores da meia estação.
Nada.
Somente ela:
A rosa que um imigrante me dera.
E eu me dizia:
Estou triste, mas tenho a rosa;
Minha certeza de vitória,
Afaga meu sofrer.
E se eu penso em desistir,
Lembro da rosa de caule cortado,
Mas ainda vistosa, vaidosa,
Despreocupada com seu fim.
Não me deixa cair, me revigora.
Ensina-me a sorrir, você que não chora;
A exibir minhas cores…
Mesmo quando a solidão me devora,
Mesmo quando a sorte desconsola,
Mesmo quando a força for embora.
Não me deixa cair desvituosa.
Ora por mim, minha Senhora.
Você que é tão senhora de si,
Mostra-me Genebra cor-de-rosa…
Porque quando eu cheguei aqui
Tudo era branco e sem vida,
Mas ela me iluminava e eu floresci.
Som e paladar
(Sofia, Bulgária, 18/2/2000 – 25 anos. Parceria com Écio Parreira)
Quem é você, que só de olhar
É capaz de dizer o que eu sinto
Ler meus pensamentos, o meu íntimo
Chegar assim e recriar
Meus caminhos tortos, sem sentido
Presente do destino, que eu já fiz chorar
Deixa passar a neve da lembrança
O verão chegar e iluminar
Deixa eu cantar um sonho de criança
Te fazer sorrir e acreditar
Quem é você que traz no olhar
Mata viva cheia de mistérios
Lê meus sentimentos, mas reserva os teus secretos
Já sabe ou quando saberá?
Que eu mudei e te quero por perto
E o que era em mim deserto, teu amor fez roseiral
Deixa eu te dar meu dia, minha alegria
Cada amanhecer que eu respirar
Me deixa ser teu anjo, tua vida
Som e paladar, flor do teu querer
Aula de educação artística
(Sofia, Bulgária, 18/2/2000- 25 anos)
O amarelo é muito quente para o azul
Muito frio para o vermelho
Essencial ao verde
Complementar ao roxo
Inútil ao preto
Mas é amarelo e não é branco
Só o branco consegue ser branco
Sendo ainda todas as cores
Enquanto o preto não precisa de nenhuma delas
Para ser ele mesmo
Não se sinta provocado, ou se sinta
O que eu quero dizer com isso?
A arte diz o que ela diz
E você entende como quiser
Manuel da Mata
(São Paulo do Potengi-RN, Brasil, 30/6/2000- 25 anos)
Mané da Mata
Mãos modeladas pelo tempo
Pela enxada, sol e vento, tem relevo acidentado,
gera frutos, pouco dinheiro, muito sofrimento, corpo enfadado
Mano mais velho, filho primeiro
Herdeiro do amor que o pai tinha pela terra
João da Mata, subiu a serra, tangeu jumento
Ganhou no jogo, fez onze filhos
Comprou terreno, vendeu pro irmão Ezídio
Trouxe a família pra outro destino
Mané menino, sempre consigo
Seguiram juntos mesmo caminho
Até que o sino chamou João
Mané, maneira simples de ser
Nunca bebeu, nunca fumou, nunca dançou
Onde cresceu, se aposentou
Vai à missa, paga o dízimo, ganha um mínimo
Ajuda os filhos e é muito grato ao Senhor
Sabe do que o rodeia e da história dos seus
Numa terra onde o povo desconhece quando nasceu
* Para o tio Manuel Teixeira da Mata. História verídica.
Estrela
(Jardim do Seridó-RN, Brasil, Julho/2000 – 25 anos)
Estrela, estrela, o meu coração
Espelha, espelha, o sol do sertão
Estrela, estrela, prateando o chão
Serena, serena , o meu coração
Um sonho de menino
Canto d’arribação
Barulho de chuvisco
Embala coração
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não
Vem cá – Vou lá
Baiê, baiê, baião
Estrela, estrela, o meu coração
Espelha, espelha, o sol do sertão
Centelha, centelha, luz de lampião
Clareia, clareia, o meu coração
Boneca é de milho
Fogão é de carvão
A renda pro vestido
Á Virgem uma oração
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não
Vem cá – Vou lá
Baiê, baiê, baião
Estrela, estrela, o meu coração
Espelha, espelha, o sol do sertão
Salteia, salteia, cururu no chão
Ateia, ateia, rede e coração
Põe a cobra na reza
Em cima do telhado
Pra espantar morcego
E dormir sossegado
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não
Vem cá – Vou lá
Baiê, baiê, baião
Estrela, estrela, o meu coração
Espelha, espelha, o sol do sertão
Clareira, clareira, nesta imensidão
Semeia, semeia, o meu coração
De jegue vem a água
Do açude ou da cacimba
Juá, banho de cuia,
Um gole de moringa
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não
Vem cá – Vou lá
Baiê, baiê, baião
ESTRELA ACALANTO ( Final version)
Espelha, espelha, o sol do sertão (… Mirrows, mirrows the sun of the “desert”
Centelha, centelha, nesta imensidão ( A spark, a Spark in this immensity/vastness )
Semeia, semeia , o meu coração (sows, sows , my heart)
B1
Desci o São Francisco ( I went down the Sao Francisco River)
Pra ver o meu amor ( To see my love)
Lampejo de corisco, lampião se apagou ( A glimmer/ flash of thunderbolt , the gas lamp went off)
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não ( Come here, come here, come here – No, I won’t_
Vem cá – Vou lá ( come here – ok, I’ll go there)
Baiê, baiê, baião ( baion, baion, baion rhythm)
2 ( More complex , yet “comforting” harmony)
A2
Estrela, estrela, o meu coração (Star, star, my heart…
Espelha, espelha, o sol do sertão ( Mirrows, mirrows, the sun of the desert)
Que queima, que queima ( which burns, which burns)
Racha todo o chão ( cracks all the ground)
E deixa e deixa ( and it leaves, and it leaves)
rastros de ilusão ( trails of ilusion)
B2
Subi o São Francisco ( I went up the Sao Francisco River
Em plena viração ( in the meddle of a storm )
Barulho de corisco ( the sound of a thunder)
Ascende o Lampeão (Please turn the gas lamp on)
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não ( Come here, come here, come here – No, I won’t)
Vem cá – Vou lá ( come here – Ok, I’ll go there)
Baiê, baiê, baião ( baion, baion, baion rhythm)
(More tension in harmony)
B3
Um sonho de menino ( A boy’s dream)
Canto d’arribação ( the chant of the bird of the desert)
A renda do vestido ( the lace of the dress)
Á Virgem uma oração ( a prayer for Virgin Mary)
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não ( Come here, come here, come here – No I won’t)
Vem cá – Vou lá (Come here, ok, I’ll go there)
Baiê, baiê, baião ( baion, Baion, Baion rhythm)
(2nd time “more tension scary harmony)
Vem cá, vem cá, vem cá – Vou não ( Come here, come here, come here – No I won’t)
Vem cá – Vou lá ( Come here, ok, I’ll go there)
Baiê, baiê, baião ( baion , Baion, Baion rhythm)
(INSTRUMENTAL SOLO – NIGHTMARE Harmony)
1C ( Serene again)
Mmmmm……
Serena, serena, o meu coração ( Tranquilize, tranquilize my heart).
Idéias inacabadas
(Entre Suíça e Brasil, 2000 – 25 anos)
Eu quero tudo da vida
A folha seca
O dia claro
A noite fria
O céu estrelado, um lago
Quero principalmente nunca esquecer de querer
Me querer, te querer, nos querer
Quero meu presente, o século e o segundo
Quero ouvir mais um samba
O choro da criança
A dança, a festa
A cesta de frutas, as flores do quintal
Quero o amanhã, quero mais, quero tudo
Eu quero tudo da vida
* Inspirada na menina Elis Martins.
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Quem foi que disse que você nasceu pra mim?
Quem foi que disse que eu nasci só pra você?
Quem foi que disse que tinha que ser assim
Que você nasceu pra mim
E eu nasci só pra você ?
Quemfoi que disse que…
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O que é que eu vou falar
Se eu não tenho nada
O que é que eu vou cantar
No fim dessa estrada
O que é que eu vou sonhar
Outra madrugada
O que é que eu vou contar
Na na na na na na
Desamparo
(Auckland, Nova Zelândia, 1/11/2000 – 25 anos)
Querer voltar pra casa
Que casa?
Do meu pai?
Da minha mãe?
Meu país?
Eu não tenho casa
Nem aqui, nem lá
Outro lugar?
Eu não tenho lar
Eu não caibo em mim
Desapego ou desambaro?
Desapego:
Fazer barquinhos de papel do meu passado
Lança-los ao mar, abandonar
Sem sofrer e sem fazer sofrer
Natural e leve
Como a folha que cai embalada pelo vento
Desamparo:
É o que sinto quando penso de onde eu vim
Eu corro perigo
Eu corro tanto!
Eu sinto vertigem
Medo da noite despencar
Eu não tenho casa e a casa não me tem
Eu não tenho nada
Já carrego esse corpo que as vezes me pesa
E até quando não sei
E se eu não tivesse que atender as necessidades dele
Talvez eu tivesse mais tempo pra mim
Mas talvez fosse mais solitária também
Sinal de vida
(Auckland, Nova Zelândia, 7/2/2001 – 26 anos)
Amo vocês
Mesmo que eu não diga
Ou seja repetitiva
Ou pela tela fria de um computador
Que as palavras não percam sua força
Pela força da repetição
Que meu silêncio não se confunda com negação
Isso é só distância
Ausência de amor, não
Amo vocês
Mesmo que a gente e o mundo
Enlouqueça, se esqueça
Desapareça, se desconheça
Porque amo vocês, mas não sei vos traduzir
Porque sei que outros vocês vão surgir
Pra vocês e pra mim
E a cada novo “vocês”, um novo eu
E mesmo assim, nada há de se substituir
Só a acrescentar
E seja lá onde eu estiver
Eu vou estar
Sempre aqui, amando vocês
Que a distância não se confunda com desatenção
Isso é só o tempo
Ausência de amor, não
Que as mudanças não gerem imcompreensão
Isso é só o mundo
Ausência de amor, não
Que a gente resista dentro dessa confusão
Isso é só a vida
Ausência de amor, não
Nossos pensamentos estarão sempre em conexão
Isso é só silêncio
Ausência de amor, não
* Para as pessoas que eu amo.
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Areias da Mata
(Auckland, Nova Zelândia, 16/4/2001 – 26 anos)
Areias da Mata
A mata e a areia
Um grão de terra
Um grão de sal
O nosso amor
Caçador e sereia
Você grão de trigo
Filho da selva
Nascente de rio
Virginal
Mata serrada
Vida brotada
Fértil água doce
Atemporal
Eu grão de vidro
Filha do vento
Relógio do tempo
Litoral
Água salgada
Amalgamada
Deserto, história
Amoral
Areias da Mata
A mata e a areia
Você e eu
Opostas naturezas
Açúcar e sal
Começo e final
Retiro e carnaval
Mistura original
Rose
(Auckland, Nova Zelândia, 27/5/2001 – 26 anos. Parceria com Chris Naughton)
Veja como eu perco a fala
Quando você começa a falar, ah!
Ela tem meneio que ninguém pode negar
Ela tem um jeito de me olhar, ah!
Veja como a noite passa
E eu não vejo a hora de lhe dar, ah!
Mil carinhos, beijos, o que eu tenho, a música
Que só foram feitos pra te amar, ah!
Rose diz quem foi esse pintor que te inventou
Teu sorriso aberto liberta em mim asas de beija flor
Tanta graça, tanta bossa, linda como for
Outra taça vou buscar, brindarmos o amor
Mas quando eu virei as costas
Rose foi embora sem pudor
Ou eu que não sabia que um pobre sonhador
Nunca beijaria uma flor
* Para o saxofonista Dave Hickson. História verídica.
Telefone
(Auckland, Nova Zelândia, 28/7/2001 – 26 anos. Parceria com Chris Naughton)
Eu e o telefone nessa sala abandonada
Pra que serve um telefone que não toca, não diz nada
Olho para o telefone, já ficando mal humorada
Que custava pelomenos você dar uma liga…
Daquela última vez, você ligou e eu não estava
Recebi o seu recado que amanhã telefonava
Amanhã já virou hoje e eu esperando aqui sentada
Hoje é quase amanhã, pra que ‘cê disse que liga…
Vai ver que esqueceu
Ou aconteceu algum problema
Vou arranjar uma boa desculpa só pra te desculpar…
Thrilim!!!!!!!
Dia a dia
(Auckland, Nova Zelândia, 30/12/2001 – 26 anos. Parceria com Chris Naughton letra para “Moody”.)
No meio da vida
No meio da lida
Meio dia
Tensão e penar
Poluindo a vista
No meio da vida
No meio da noite
Agonia
Vaga o meu pensar
No vazio da vida
E o olhar
Entre a fadiga e vigília
Se desvia
Vai buscar noutro lugar
A paz, a poesia
Que a gente não vive
Dia a dia
Lembra o meu sonhar
Da razão da vida
Curumim
(Auckland, Nova Zelândia, 30/12/2001 – 26 anos. Parceria com Chris Naughton)
Curumim, nasce assim, voz de querubim
No véu da mata, nascente de rio
Bem te vis, colibris, sabias , sacis
Saudam Oxossi, guardião sem fim
Um grão de terra
Um grão de sal
Selva e litoral
Fez-se curumim, curumim, curumim
Curumim, nasce assim, gaivota no ar
No céu aberto, nas ondas do mar
Mil corais, coqueirais, algas e dunas
Saudam a sereia, rainha Iemanjá
Um grão de areia
Um grão de mata
Vida brotada
Fez-se curumim, curumim, curumim
* Para eles que ainda estava no meu ventre, meus rebentos: Jobim Areias da Mata e Lilás Areias da Mata
Herança (Samba de gringo)
(Auckland, Nova Zelândia, 8/3/2002 – 27 anos. Parceria com Chris Naughton, letra para “Shoking”.)
Passe gringo, sai pra lá! Oxibungo!
Oi, me deixe, o que é que há?
Vá se respeitar ! Vá se enxergar!
Vá cantar de galo noutro mafuá
Esse samba, mô sinhô
Vem de herança de mô tatataravô
Mas se iôiô souber pedir eu posso lhe ensinar
Shake, shake no sapatinho vá
Un, deux, trois
Vá esse gringo, se catá
Oi, me deixe, vô me zangar
De ré Sataná! É bom se cuidar!
Tem rabo de arraia onde vai pisar
Esse samba, mô sinhô
Tem muita raça, alegria e muita dor
Mas se iôiô souber pedir eu posso lhe ensinar
Shake, shake no sapatinho vá
Un, deux, trois
Passe gringo, vá pra lá!
Oi me deixe, vou me danar!
Vá se procurar! Vá se remendar!
Vá dá di porreta em outro lugar!
Esse samba, mô sinhô
Trago no sangue
Quem me fez, quem me criou?!
Mas se iôiô souber pedir eu posso lhe ensinar
Shake, shake no sapatinho vá
Oxê, Gringo, xô pra lá!
Oi, me deixe, vou li rumá
A zorra rapá ! Cobra vai fumar!
Tire sua pata do meu patuá!
Esse samba, mô sinhô
Qualé di memo?!
Não se escreve não, doutor!
Mas se iôiô souber pedir eu posso lhe ensinar
Shake, shake no sapatinho vá
Un, deux, trois
Inoscência
(Auckland, Nova Zelândia, 26/11/2002 – 27 anos. Parceria com Chris Naughton, letra para “Samba1”.)
Branca
Como a espuma ao roçar a areia
Carrossel cor de rosa
Fita vermelha, dedos de princesa
Passa anel
Bem me quer, mal me quer
Bem me quer, mal me quer
Bem me quer, mal me quer
Bem me quer
No espelho se enamora
Como quem se apresenta a si mesma
Lábios mel, cor de amora
Põe no cabelo flor de laranjeira
Fita o céu
Bem me quer, mal me quer
Bem me quer, mal me quer
Bem me quer, mal me quer
Bem me quer
Ah, meu bem querer
Ah, meu bem me querer
Coração aflito sem saber
Salta de emoção
Exalta-se minh’alma
Falta eu sinto de você
Carrego em meu olhar mais
Sonhos de mulher
Que mistérios hão no profundo mar
Mas meu bem querer
Se você quiser
Coração vai deixar de sofrer
Vem minha paixão, não tarda a alvorada
Afaga-me com um beijo seu
Carrego em meu olhar mais
Sonhos de mulher
Que mistérios hão no profundo mar
Mundo cão
(Auckland, Nova Zelândia, 10/4/2003 – 28 anos. Parceria com Chris Naughton, letra para “Angry”)
Eu também sei
O que ‘cê sente
E por isso fico quieta que é melhor
Tudo que eu falar piora,
Tudo que eu tentar piora,
Só faz agravar a situação
Que a gente sozinho que cria
E depois sente que o outro é desleal
Por ficar de ambos lados
Por analisar os fatos
De uma forma apenas racional
Isso não é gratidão
Desilusão
Que mundo cão !
Irônica
É a nossa vida
Muda, muda e muda
As coisas de lugar
Fui juiz, hoje julgado;
Sacana e sacaneado
Pra entender que nada é em vão
Lighthouse Bay
(Auckland, Nova Zelândia, 11/4/2003 – 28 anos. Parceria com Chris Naughton, letra para “Biking”
Dia de Sol
Brisa leva e traz paz
Onda do mar
Morros, montes e curvas
Noite lual
Som e maresia
Paira no astral
Sabor sal saliva
Saber viver
É celebrar o prazer
De respirar
Pra estar com você
No Farol da praia, eu e você
Nada mais urgente pra se fazer
Diz que quer, diz que vem
Diz que quer, diz que vem já!
Diz que quer, diz que vem
Diz, que eu já vou te encontrar agora!
Sunshine day
Pleasant breeze blows away
Blue sea waves
Curves, hills and montains
Moonlight sky
Music frees the spirit
Hovering in the night
Sea and saline kisses
Wonder of life
Pleasure celebrations
Of being alive
Breathing full sensations
At the Lighthouse Bay, hey you and me
What I should do has less urgency
Tell me you can, tell me you’ll come
Tell me you can, tell me you’ll come now!
Tell me you can, tell me you’ll come
Tell me we’ll meet right there, right now!
Manhã
(Auckland, Nova Zelândia, 12/4/2003 – 28 anos. Parceria com Chris Naughton)
Morning’s here
The sunlight’s in your hair
No…don’t talk but stay
And leave me all alone again
You smiled and held my hand
We kissed I understand
And maybe someday we will meet again
C’est matin
Soleil sur tes cheveux
Dit rien, resté
Qu’une seule fois simplement
T’a souris et pris ma main
Un bisou, Je comprend
Peut etre on se revoir
Qui sait quand?
É manhã
O sol nos teus cabelos
Diz nada, fica
Então apenas dessa vez
Sorriu, pegou minha mão
Um beijo, ok, então
Até um outro dia, uma outra vez
Today tomorrow
(Auckland, Nova Zelândia, 14/4/2003 – 28 anos. Parceria com Chris Naughton)
So sad I was when
I left my place then
You appeared in my way
Deep and solf Irish eyes
Flying bird in blue blue sky
Not enough is to foccus
On today tomorrow
Life goes far beyond this
Your limitless Irish eyes
(How I miss your Irish eyes)
(Always keep your Irish eyes)
Âmago
(Auckland, Nova Zelândia, 15/4/2003 – 28 anos)
Não sei se preciso de aula,
Se aprendo um instrumento,
Se entro num coral,
Se insisto, desisto, persisto
Se procuro minha turma: músicos e público
Se me contento com o que tenho
Se transformo o que tenho
Se me adequo ou me rebelo,
Se espero , se recomeço do zero
Se tolero, se aceito o simples,
se me calo, se me excluo antes,
Se faço as pazes com o mundo
Se antecipo, se faço o jogo
Se fico social, se sumo,
Se penso, se repenso, se durmo, se assumo em público,
Se me culpo ou te culpo ou nos culpo, se esqueço.
Sei que é preciso perdoar, amar, respeitar, acreditar.
Por um triz , entre a borboleta e o cazulo.
Morro e nasco a cada instante.
Prós e contras
(Auckland, Nova Zelândia, 17/4/2003 – 28 anos)
Indo a favor do vento, um barco
Ou contra o vento, avião
Ou os dois alternando ou ao mesmo tempo
Remando a favor do vento posso navegar
Pilotanto contra o vento posso voar
Insônia, sonambulismo, abismo, juízo
Eu corro tanto
Eu corro perigo
Eu sinto vertigem
Medo da noite despencar
Fazer jazz ouvindo amor
Fazer amor ouvindo jazz
Eu quero dispertar, desabrochar
Florescer, nascer, renascer sem morrer
Quero me mover, quero saber
Meu lugar
(Auckland, Nova Zelândia, 30/4/2003 – 28 anos.
Parceria com Maximiliano José Ricardo de Oliveira Ayres – Max Taylor)
Vim de lá de onde eu sei
E me lembro de onde quero chegar
Ao ouvir o som da minha tribo vou lá estar (me encontrar)
Vim de lá de onde eu sei
Minha história carrego no olhar, só eu sei
Bom mesmo é rir, melhor chorar
Quando o amor, quando a dor é demais
Não dá, tem que transbordar
Lá , sempre lá
Lá, meu lugar
Me enganar, eu não, não!
Lá vou ficar
É bem mais que um lugar:
Coração
E pra lá que eu vou
Meu lugar
Me entregar, eu não, digo não!
Lá vou ficar
Antes lá, melhor que qualquer lugar:
Coração
Sem Engano
(Auckland, Nova Zelândia, 15/5/2003 – 28 anos. Versão para “loving you” de JT)
Se chegou como quem nada quer
Me deixou querendo tudo da cabeca aos pés
Fatos, folhas de desenho, sempre um quadro novo
Vento sopra no teu rosto, toca o teu pescoço
Seu sorriso uma viagem de São Paulo pra Saturno
Me aquece, dá coragem, mais sentido pro meu rumo
Mais que a lua teu olhar ilumina a minha noite
Sol nascente despertar junto com você
Ah, bom fazer um soul, ouvindo amor, eu sei!
Ah, bom fazer amor ouvindo um soul, faz bem!
Eu te amo, mais do que pensei
Sem engano, sempre te esperei.
Talvez noutra
(Auckland, Nova Zelândia, 13/4/2004 – 29 anos. Parceria com Johannes Dymiadi letra para “Perhaps Another”)
Pra lá do labirinto das palavras
Está a barco dos meus sentimentos
Vou me deixar embalar ao sabor do vento
A procurar alguma explicação
De lá do horizonte a palavra traz
A paz que necessita o sentimento meu
Mas se eu rimar, remando a rima contra o vento
Recomeçar vai ser a minha solução
Por quanto vou tentar me achar no fundo das palavras mais?
Ou deixar pra lá, remar em outra direção!
Deixo estar
Teu silêncio maltrata
Mais que o frio de mil palavras
Gela meu coração
Deixo estar
Que um noite é nada
Nessa eterna madrugada
Aprendo com a escuridão
Deixo estar
Talvez noutra toada
Noutro dia, outra largada
Outra inspiração
Maré cheia
(Auckland, Nova Zelândia, 13/4/2004. Parceria com Johannes Dymiadi , letra para “Cool Wave”)
Cheia
Maré cheia
Sereia
Sai do mar, vem pra beira
Deita o corpo sobre a areia
Lua cheia bronzeia
Sua pele turqueza
Sua boca morena
Seu cantar de princesa, deusa
Lento
Pescador em silêncio
Faz a Deus duramento
Pés descalços no cimento
Arpão, rede, arpejo
Ao chamado dos ventos
No seu passo sedento
Rumo ao mar, seu sustento bento
Maré, maré, maré, maré
Maré, maré, maré,
Maré cheia
Maré, maré, maré, maré
Maré, maré, maré,
Maré cheia
1.10 am
(Auckland, Nova Zelândia, 23/4/2004 – 28 anos)
I like this, you like that
I like match
I like you
You like dreaming
I like making
I like dreaming about making love with you
So don’t be silly
So don’t be mad
Just be yourself and tell yourself the truth
Pretending is over
Cause I am ready
Just realise you are ready too.
Takapuna
(Auckland, Nova Zelândia, 11/12/2004 – 29 anos)
parceria com Sue Burns – Perth 12/10/2009 – 34 anos)
The night is calling me to Takapuna
My heart wanders guided by the moon
I hope I’ll find you in Takapuna
I’ve come here just to be with you
You are so close
But I don’t know where you are
You’re so close
Charming people inside the bars
My love shouts out in silence
Inside of me
But if you look into my eyes
I’m sure you’ll feel it!
The night is calling me to Takapuna
My heart wanders guided by the moon
I hope I’ll find you in Takapuna
I’ve come here just to be with you
We converse without words
We make love within the music
I hear your voice across the sea
I feel your touch upon the breeze
The night is calling me to Takapuna
My heart wanders guided by the moon
I hope I’ll find you in Takapuna
I’ve come here just to be with you
A fish out of water
(Perth, Austrália, 3/2/2008 – 32 anos)
I’m out
Out of fashion
Out of shape
Out of breath
Out of place
Out of tune, perhaps
Out of my confort zone
Running out of time
I’m out
Out of my mind
Out of reach
Out of the world
Out of reality
Out of myself
Out of mood
And it feels like no way out
I’m an outsider
I don’t fit
I don’t feel fit
I’m not a fitter
I don’t feel connected
I don’t belong
All must be big
All must be busy
I don’t feel it
I can’t help it
Can you help?
How can I make a diference?
How can I help?
How can I be helpful?
Self respect
Insight
( Perth, Austrália, 20/3/2009 – 34 anos)
We have words to tell
And silences to share
Where do you want to lead me?
Tell me, I am keen to go further
Show me the way in your way
I am seeking the truth about me, about you
I can’t change people, but myself
However people can get inspired too
I’m going towards you
I’am getting there
Thank you for the opportunity of learning a new lesson
I understand…
You want to guide me where I want to be
In peace with the Universe and grateful for every instant of my life
Within, without, everywhere…
Oportunidade
(Perth, Austrália, 21/8/2009, 34 anos)
Quando foi que isso começou?
Onde é que tudo começa?
No começo
No primeiro instante
No desejo
Desde o início
Ah, o desejo!
Cria vida, nasce música
A mente gira, sentimento faz lugar
O corpo dança, a alma brilha,
o peito canta, a noite paira
Os olhos riem, os pêlos saltam, a gente brinca
alegria pura, sintonia fina, magia rara
Troca de energia intensa no ar
Dimensão livre de ser e estar
Universo onde tudo é capaz
Pela força do desejo oportunidade se faz
MARE CHEIA ( Johannes Dimyadi/ Juliana Areias) – 2004 – Auckland
Listen to MARE CHEIA instrumental version performed by Johannes Dimyadi.
Cheia
Maré cheia
Sereia
Sai do mar, vem pra beira
Deita o corpo sobre a areia
Lua cheia bronzeia
Sua pele turqueza
Sua boca morena
Seu cantar de princesa, deusa
Lento
Pescador em silêncio
Faz a Deus duramento
Pés descalços no cimento
Arpão, rede, arpejo
Ao chamado dos ventos
No seu passo sedento
Rumo ao mar, seu sustento bento
Maré, maré, maré, maré
Maré, maré, maré,
Maré cheia
Maré, maré, maré, maré
Maré, maré, maré,
Maré cheia
FLECHA DE OXOSSI ( Glenn Rogers/Juliana Areias) – July 2010 – Perth
Vem, meu anjo, me pegar de jeito
Teu sorriso lindo me ganhou
Nesse jogo eu vou
Vem brincar de amor
Caboclo, tempero carioca, ai, ai, ai, teu sabor
Vem, meu guia, teu Rio de Janeiro
Redescubro em teu olhar certeiro
Cliche, que ironia, se faz verdadeiro
Ama carnaval com futebol, me rendo, samba enredo
Ja que estamos juntos de passagem
Que seja bonita essa viagem
Sou sua menina, o tempo que for
Freeway, estrada livre, Perth City de um amor
Flecha de Oxossi, centauro, guerreiro, menino, primeiro artilheiro desse amor
Bola cruzada pra area, ele cria a jogaga, rebelde, na raca, tem valor
Flecha de Oxossi, centauro, guerreiro, menino, primeiro artilheiro desse amor
Vai na pegada, batuca, batalha, se orgulha, Tijuca te aguarda vencedor
( Flecha de Oxossi, centauro, guerreiro, menino, primeiro artilheiro desse amor ) (2x)
RELAXA ( Adam Springhetti/ Juliana Areias) – July 2010 – Perth
Calma, relaxa
Coracao de graca
Aponta pra todo lado, sem alvo nenhum
Cio a mil, relaxa
Arrepio que passa
Vem que te quero bem
Bem que se quer nao tem
Tem quem queira tambem
Quem, quem?
Despertara a serpente
da costela de Adao
Tigre ao sol poente
Calma, relaxa
Sente o mar te abracar
Agua, menina, retina, neblina, manha
Ceu anil, relaxa
Assobio, jangada
Navegar em voce
Marejar em voce
Sereiar em voce
Hey, hey!
Dispertara a serpente
da costela de Adao
Tigre ao sol nascente
ú ú êãoí ó ô à ê ê ú é õ ção ê á é í ó ãoô à â ê ú õ vÁÃÂÉÊÍÓÔÕÚàç